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Zilda Arns e o "ainda que a terra trema"

Categoria: Acontece
Postado as 01/03/10 14:03
 
Por: Elben M. Lenz César

No dia 29 de junho de 2001 escrevi uma carta à Dra. Zilda Arns, então com 67 anos. Ela deveria vir a Viçosa para receber a Comenda de Mérito Arthur Bernardes em agosto. Mandei para ela alguns exemplares de Ultimato e dois ou três livros da Editora Ultimato, cujos títulos não anotei. Convidei-a para tomar um café com toda a equipe da Editora e fazer uma palestra no Centro Evangélico de Missões (CEM), uma instituição que prepara missionários biocupacionais (médico-missionário, agrônomo-missionário etc). Informei que na época tínhamos mais de 50 ex-alunos em 24 países, todos com curso superior. Pedi-lhe que me enviasse dados biográficos para eu publicar uma notícia sobre ela na revista. No início daquele ano o então presidente Fernando Henrique Cardoso, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, havia assinado uma carta dirigida ao Comitê Nobel da Paz, indicando a Pastoral da Criança ao Prêmio Nobel da Paz 2001.

Por compromissos assumidos anteriormente em Brasília, Dra. Zilda Arns Neumann não pôde vir a Viçosa, tendo sido representada pela coordenadora estadual da organização não-governamental por ela fundada em 1983. A secretária da Dra. Arns, Claude Marie Mathieu, respondeu minha carta e enviou os dados solicitados. Naquele ano, a Pastoral da Criança estava presente em 31.062 comunidades organizadas em bolsões de pobreza e miséria de 3.221 municípios brasileiros. A taxa de mortalidade infantil nessas comunidades estava entre 12 e 17 mortes para cada mil nascidos vivos, enquanto a média nacional era de 36 óbitos por mil, segundo dados de 1999. Hoje a Pastoral da Criança está presente em 4.016 municípios brasileiros e em mais de 20 países. Há um exército de 240 mil voluntários atuando em 40.853 comunidades, acompanhando quase 93 mil gestantes e 1,6 milhão de crianças menores de seis anos.

A esta altura, a médica pediatra e sanitarista já havia visitado dois países da África (Angola e Guiné-Bissau) para ministrar os primeiros treinamentos visando a organização de algo parecido com a Pastoral da Criança brasileira.

Para surpresa e estranheza de todo mundo, quando Zilda Arns fazia o mesmo tipo de palestra no Haiti, no dia 12 deste mês, parte do teto da igreja na qual ela tinha acabado de falar para cerca de 150 pessoas, desabou, causando sua morte e de outros, inclusive 16 sacerdotes de acordo com a freira Rosângela Altoé, que a acompanhava. Exatos 9 anos antes (9 de janeiro de 2001), ela estava no Palácio do Planalto, na companhia do Presidente, do Ministro da Saúde (José Serra) e do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, seu irmão, 13 anos mais velho.

Por ter acontecido no país mais pobre e sofrido das três Américas e por ter vitimado, entre muitos outros, uma pessoa como Zilda Arns — o terremoto no Haiti é um prato cheio para aqueles que têm dificuldade de crer em Deus e para milhares e milhares de cristãos nominais ou superficiais, desprovidos de experiência religiosa e de certezas cristãs. Aqueles que conhecem a Deus mais de perto, aqueles que têm comunhão com ele, aqueles que conseguem crer tanto na soberania como na sabedoria, na providência e no amor de Deus, podem e devem fazer perguntas, sem, contudo, mergulhar sua alma na confusão religiosa e na incredulidade.

Todos devemos lembrar e recitar o Salmo 46: "Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não temeremos, ainda que a terra trema e os montes afundem no coração do mar, ainda que estrondem as suas águas turbulentas e os montes sejam sacudidos pela sua fúria" (versículos 1 a 3).

• Elben M. Lenz César é diretor-fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato.



Fonte: www.ultimato.com.br



Reproduzido com permissão

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