Ano 1, Número
3 - Janeiro de 2009
Leia nesta edição:___________________________________________
Relatório da reunião com parlamentares no dia 17/12/2008
Moção de Apoio da Frente Parlamentar Evangélica
Declaração da AMTB sobre o Decreto Presidencial
Relatório da reunião com
parlamentares no dia 17/12/2008.
Um grupo
de missionários que atuam com grupos indígenas, representantes
de diversas agências missionárias sob a bandeira da AMTB,
estiveram presentes na última reunião da Frente Parlamentar
Evangélica do ano de 2008, antes do período de recesso do
Congresso Nacional.
O propósito
do encontro foi alertar os parlamentares e iniciar um movimento
para que o decreto presidencial que visa regulamentar a entrada
de missionários em áreas indígenas, e que está na Casa Civil
para ser assinado pelo Presidente da República, seja antes
discutido pela sociedade, com participação de todas as partes
envolvidas, principalmente as comunidades indígenas.
Na ocasião
foram entregues aos Deputados Federais presentes, inclusive ao
presidente da Frente Parlamentar Evangélica, cópias de dois
manifestos: Um escrito pelo CONPLEI (Conselho de Pastores e Líderes
Evangélicos Indígenas) - organização indígena que representa
dezenas de etnias - no qual registram uma nota de repúdio ao
decreto, e solicitam que as comunidades indígenas sejam consultadas
na elaboração de qualquer documento que diga respeito a eles. O
outro, escrito pela AMTB, traz uma explicação coerente da atuação
missionária em território nacional, numa perspectiva antropológica,
legal e social.
Foi
decidido que uma comissão de Deputados Federais coordene a
elaboração de um documento para ser protocolado e entregue à
ministra Dilma Roussef, Chefe da Casa Civil. Este documento pede
que o decreto seja discutido pela sociedade e reelaborado para
corrigir as distorções e qualquer discriminação contra os
missionários. O documento será assinado
por mais de 40 Deputados e enviado para a Casa Civil, quando também
será solicitada uma audiência com a Chefe da Casa Civil para
discutir o assunto. (Isso já aconteceu?)
O
pedido de oração é que este documento seja suficiente para impedir
a assinatura do decreto como está, e que haja uma ampla discussão
do tema pela sociedade brasileira, principalmente os índios. Ore
para que as autoridades da Casa Civil sejam sensíveis a este apelo
e interrompam a caminhada do decreto. É importante
que isto aconteça agora, pois o Congresso estará de recesso, mas a
Casa Civil não.
Ore
também pela tentativa de uma audiência com o ministro da justiça,
que faremos junto aos deputados. Em 2008 fizemos algumas tentativas
que não se concretizaram.
Embasados
na promessa do Senhor Jesus que diz: “recebereis poder ao descer
sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas, tanto em
Jerusalém, como em toda Judéia, Samaria e até os Confins da terra”,
prosseguiremos resolutos e obedientes, até que todas as etnias
tenham ouvido do Senhor Jesus.
Pr. Edward Luz
Diretor Adjunto
do DAI - AMTB www.amtb.org.br
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Títulos
Moção de Apoio às missões e instituições evangélicas que atuam em
áreas indígenas.
Brasília, 16 de dezembro de 2008
Exma . Sra.
Ministra DILMA ROUSSEFF
DD.
Ministra da Casa Civil
Brasília – DF
A
Frente Parlamentar Evangélica, entidade que agrega 45 (quarenta e
cinco) Deputados Federais e 04 (quatro) Senadores da República,
vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar
MOÇÃO DE APOIO às missões e instituições evangélicas que
atuam em áreas indígenas, informando e requerendo para tanto o
seguinte:
DOS FATOS
1.
Há mais de 70 (setenta) anos os índios brasileiros contam com a
assistência nas áreas da saúde, educação e social prestada pelas
missões e instituições evangélicas;
2.
Ao longo de sete décadas missionários, obreiros, funcionários e
voluntários doaram suas vidas para alcançar povos que estavam
esquecidos e até mesmo abandonados pelo Estado Brasileiro;
3.
As missões, sem medir esforços, sempre que solicitadas ocuparam o
espaço deixado pelo poder público, foram onde as autoridades e
instituições públicas não se dispuseram a ir; investiram, sem
esperar de volta votos ou reconhecimentos, recursos que se
contabilizado hoje não seriam diferentes dos valores aplicados
pelos órgãos públicos. Salvaram vidas, preservaram áreas,
restauraram comunidades. Homens e mulheres abnegados investiram as
suas vidas e se doaram aos povos indígenas em todos os cantos desta
imensa Nação;
4.
Quando o Estado Brasileiro não tinha recursos e estava
desaparelhado as missões foram e eram vistas com bons olhos e até
mesmo seus trabalhos eram elogiados e destacados, fato que podemos
constatar buscando nos anais da história da República os elogios,
as recomendações e as parcerias que Estado e Missões desenvolveram
ao longo dos anos;
5.
Ocorre que na última década, as missões, que eram vistas como
parceiras passaram a ser atacadas e criticadas sob a égide de que
estavam interferindo na cultura dos índios. Argumento que já foi e
que vem sendo derrubado nos meios acadêmicos com a comprovação de
que as etnias que mais preservaram suas tradições são as que há
anos recebem atendimento e assistência das missões evangélicas;
6.
Como não prosperou o argumento de interferência cultural,
instituições estatais, com o objetivo de afastar missões das áreas
indígenas, passaram a acusá-las de biopirataria. E tão logo estas
denúncias começaram a ser veiculadas pela mídia, a Frente
Parlamentar Evangélica esteve na Associação Brasileira de
Inteligência - ABIN, quando ali constatou que não existe contra as
missões nenhum processo ou acusação formal. A Frente também buscou
junto ao Ministério da Justiça informações sobre as alegadas
atividades criminosas e tudo que lá encontramos foi um único
documento produzido, e amplamente divulgado na mídia, por um
funcionário da FUNAI sob o título “Missão o Veneno Lento e Letal
dos Suruwahá”. E no que pese o respeito por aquele
profissional, o documento deve de pronto ser rejeitado, pois foi
escrito com base em um diário, indevidamente subtraído de um jovem
missionário que viveu isolado por anos nas matas atendendo a uma
etnia, de onde foram retiradas frases consideradas pelo autor
criminosas como: “ costumava olhar o mapa e orar sobre ele, um
dia fiz um risco com lápis mais ou menos onde achava que estava os
índios” .... “fui pro mato orar e comecei a agradecer a Deus por
ter tido misericórdia e ter me trazido de volta para a região”....
“Deus esta no controle das coisas por aqui, ele é a principal
pessoa interessada neste povo”... “ALELUIA!!! O meu coração esta
sentindo um grande amor por esta região e pelo povo...”
7.
Mesmo diante das críticas, das acusações as missões se mantiveram
firmes no propósito de atender os indígenas e mesmo em meio às
suspeitas, levantadas por instituições oficiais, o trabalho das
missões, seus recursos financeiros fruto de ofertas e doações de
cristãos brasileiros, bem como o trabalho de seus obreiros,
missionários e voluntários continuaram sendo usados para atender
nossos índios;
8.
Lamentamos que agora, quando nosso país passa por um dos um de seus
melhores momentos econômicos, agora, quando programas que visam
acelerar o crescimento desta Nação estão sendo desenvolvidos e que
projetos estatais podem ser executados visando alcançar todos os
índios brasileiros de uma forma como nunca foram alcançados, fomos
surpreendidos pela notícia que em breve será assinado um Decreto
Presidencial restringindo a permanência das missões e instituições
evangélicas nas áreas indígenas;
9.
Neste ato a Frente Parlamentar Evangélica repudia os objetivos
propostos no alegado Decreto Presidencial visto que não foram
considerados os anos de dedicação e trabalho destas entidades às
comunidades indígenas e que agora serão descartadas, sem nenhuma
preocupação com as vidas que serão afetadas, com os votos de fé que
serão quebrados, com as pessoas que se amam que serão separadas e
com os projetos em fase de execução que serão interrompidos;
10. Repudiamos esta iniciativa de retirada das missões visto que os
mais interessados no tema, os próprios índios, não foram
consultados e a opinião deles não foi considerada. E neste sentido
juntamos a este nosso documento a Manifestação dos pastores e
líderes indígenas que foi publicada pelo CONPLEI - Conselho de
Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas;
11. Que fique consignado que a alegação de que o mencionado Decreto
Presidencial visa a defesa da soberania do Brasil não pode e não
deve prosperar, pois as missões jamais colocaram em risco a
segurança ou a soberania nacional.
DO REQUERIMENTO
Assim, diante dos fatos aqui argüidos, requeremos:
a. que seja recebido nosso MANIFESTO DE APOIO ÀS MISSÕES
INDÍGENAS E CONTRÁRIO AO DECRETO PRESIDENCIAL que atinge as
missões e organizações evangélicas de uma forma geral, pois os
missionários estão nas áreas, mas as igrejas e comunidades urbanas,
em todo o país, são as que mantêm e as que apóiam os trabalhos
missionários e assistências nas aldeias;
b.
que seja recebida a manifestação, em anexo, da AMTB - Associação
das Missões Transculturais Brasileiras que reflete a posição das
agências missionárias brasileiras;
c. que seja também recebida a manifestação do CONPLEI - Conselho
de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas que expressa a vontade
e o desejo dos nossos índios;
d.
Que seja agendada, em caráter de urgência, uma audiência com Vossa
Excelência para que receba esta Frente Parlamentar com o objetivo
de juntos discutirmos o assunto aqui apresentado.
Ao
finalizar reiteramos nossa disposição, de juntos, encontrarmos uma
solução para o impasse que ora surge, solução que ao mesmo tempo
atenda as necessidades de nossos índios, os objetivos de nossas
missões/entidades evangélicas e que antes de tudo vise a construção
de um país justo, próspero, soberano, que respeite as diferenças
culturais e a liberdade religiosa.
Na
certeza da atenção de Vossa Excelência, reiteramos nossos votos da
mais elevada estima e distinta consideração.
Respeitosamente,
Deputado
JOÃO CAMPOS (PSDB/GO)
Presidente
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Declaração da AMTB sobre o decreto presidencial para
regulamentação da presença em área indígena.
Com
respeito à presente manifestação que foi deflagrada, ralativa ao
decreto presidencial que está na Casa Civil, que visa regulamentar
a entrada de ONGs e Missões em área indígena, a AMTB e todas as
agências missionárias que estão sob a sua bandeira declaram que:
1) Não são contra, em absoluto, a regulamentação do
ingresso de não-índios nas áreas indígenas. Olhando atentamente o
histórico das agências missionárias (relatado no Manifesto da AMTB
- Departamento Indígena, escrito em outubro passado, nas páginas 6
e 8) se perceberá o esforço das Agências Missionárias em assinar o
convênio com o órgão federal, a FUNAI, no ano de 1992, ocasião em
que o último convênio expirou, o que implicava em uma
regulamentação. O último esforço da FUNAI ocorreu em 1997, na
gestão do Dr. Sulivan Silvestre, interrompido por sua morte em um
acidente aéreo. Este manifesto encontra-se a disposição de todos os
interessados no site da AMTB - departamento indígena:
www.amtb.org.br
2) As agências missionárias
objetivamente solicitam que este decreto seja discutido claramente,
em âmbito nacional, principalmente pelas comunidades indígenas e
agências missionárias que já trabalham há mais de 50 anos nas áreas
indígenas. Este documento não pode ser elaborado somente por
alguns, e principalmente por quem já demonstrou claramente ser
contra o trabalho exercido pelas missões nas áreas indígenas. Se
essas pessoas têm o direito de emitir a sua opinião ao trabalho
missionário, outros, que pensam de forma distinta, devem também
possuir o mesmo direito. É preciso ouvir ambos os lados,
construindo-se assim uma base legal, constitucional e democrática
em tal iniciativa.
3) As Agências Missionárias (Missões) são
representantes de um universo formado por mais de 60 denominações
evangélicas brasileiras que ao longo das décadas têm largamente
contribuído para a construção e manutenção de programas nas áreas
de saúde, educação e subsistência junto às comunidades indígenas.
São, portanto, ONGs comissionadas por Igrejas Evangélicas
Brasileiras.
4) O Estado Brasileiro é laico, é verdade. Mas isso não significa
que o Estado Brasileiro deve ser contrário ao trabalho religioso,
como se apregoa abertamente.. A laicidade do Estado implica em sua
isenção no que diz respeito às questões religiosas, respeitando a
liberdade individual de todos os seus cidadãos. Sendo assim,
qualquer atitude do Estado Brasileiro que atente contra a liberdade
religiosa e livre expressão de pensamento, deve ser condenada
veementemente, e seus autores enquadrados juridicamente como
preconiza a Magna Carta brasileira.
DAI - AMTB
indigena@amtb.org.br www.amtb.org.br
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AMTB - Associação Missionária Transcultural Brasileira – é
formada por 32 Agências Missionárias Brasileiras as quais
representam mais de 50 denominações evangélicas em nosso país.
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